Minha experi锚ncia nesse tal de Chatroulette
Para produzir a reportagem "Site que conecta pessoas aleatoriamente vira mania na internet", passei cerca de noventa minutos conectado ao Chatroulette. Para falar a verdade, gastei boa parte desse tempo me reconectando ao servi莽o, porque ele caia constantemente.
Durante o tempo em que permaneci efetivamente ligado ao sistema, sofri bastante para conseguir falar com algu茅m. A maioria dos usu谩rios aperta o bot茫o "Next" em fra莽玫es de segundo, sem nem ao menos lhe dar a chance de se apresentar.
O fato de ser homem e ter 28 anos n茫o me favoreceu em nada, pois, como dito na mat茅ria, a maior parte do p煤blico do Chatroulette tem cerca de 20 anos e 茅 homem, ou seja, s贸 quer se comunicar com as mulheres.
Nem mesmo meu crach谩 da 成人快手, que deixei constantemente diante da webcam para demonstrar que era um rep贸rter em busca de uma entrevista, parecia capaz de atrair colegas virtuais.
Essa sensa莽茫o de ser rejeitado virtualmente 茅 bem esquisita. Imagino que para um adolescente em fase de auto-afirma莽茫o essa experi锚ncia inicial do Chatroulette possa ser devastadora.
Nesse processo de rejei莽茫o instant芒nea, eu conseguia apenas vislumbrar meus companheiros de Chatroulette. Muitos asi谩ticos. Muitos mesmo.
Ficaram na minha mem贸ria as imagens de um cara usando a m谩scara daquele psicopata assassino do filme "P芒nico" e exibindo uma faca de mentira; uma garota que estava deitada na cama, coberta at茅 a altura dos olhos; um grupo de jovens negros vestidos de mulher; e uma adolescente que deveria ter no m谩ximo uns 12 anos.
Ap贸s persistir bastante, acabei conseguindo "conversar" com dez pessoas. Coloco entre aspas porque metade delas trocou apenas tr锚s ou quatro frases comigo antes de pular para o pr贸ximo interlocutor ou at茅 que a conex茫o ca铆sse. A men莽茫o das palavras "entrevista" e "reportagem" n茫o ajudava muito.
Al茅m dos tr锚s entrevistados citados na mat茅ria, conversei com um outro rapaz asi谩tico, que me disse estar em Londres, como eu. O interessante era que ele claramente estava em seu local de trabalho. Quando perguntei a ele sobre isso, ele apertou "Next" sem cerim么nia.
Houve um outro rapaz que permaneceu cerca de dois minutos conectado comigo. Mas ele n茫o abriu a boca. S贸 ficava chacoalhando a cabe莽a no ritmo de uma m煤sica techno qualquer. Todas as minhas tentativas de di谩logo foram peremptoriamente ignoradas. Quando a m煤sica acabou, ele apertou o "Next".
No final das contas, posso dizer que tive sorte, pois n茫o me deparei com nenhum homem se masturbando, nem imagens assustadoras (tirando o abomin谩vel assassino do "P芒nico"). O m谩ximo que vi foi um cara pelado. Esse foi o 煤nico que eu rejeitei, al茅m daqueles que n茫o tinham a webcam ativada (muitos, ali谩s). Por interesse jornal铆stico eu deveria ter perguntado a ele por que cargas d'谩gua ele ficava pelado na frente da c芒mera. Mas n茫o consegui conter o reflexo de clicar em "Next".
Sinceramente, essa ideia de ficar conectado frente a frente com estranhos n茫o me agrada nem um pouco. Quando apertei o "Play" pela primeira vez, fiquei imaginando quem seria o estranho que, de uma hora para outra, estaria olhando dentro da minha casa. Para mim, essa sensa莽茫o 茅 p茅ssima.
Pior ainda 茅 esse passa-passa de interlocutores, como se voc锚 estivesse vendo televis茫o e algu茅m do seu lado ficasse trocando de canais incessantemente, sem nem lhe dar tempo de entender o que estava passando.
Mas, para milhares de jovens, tudo isso deve ser muito atraente. Estar frente a frente com gente estranha que mora do outro lado do mundo parece ser realmente fascinante para algumas pessoas.
Agora lhes pergunto: voc锚s j谩 entraram ou entrariam no Chatroulette, ou prefere manter dist芒ncia? E quanto ao temor de que haja ped贸filos no servi莽o? Voc锚s deixariam seus filhos participarem? Comentem abaixo.